Como é o atendimento nutricional em oncologia?

A relação entre alimentação e câncer vem sendo estudada há décadas. Realizo o atendimento voltado para a nutrição oncológica tanto com a finalidade de prevenção quanto de tratamento.

Se você busca prevenção:

Será realizada anamnese clínica (importante relatar seu histórico familiar), avaliação de ingesta alimentar usual, avaliação de composição corporal e determinação das necessidades nutricionais. Desta forma, será construído um plano alimentar que atenda as individualidades e contemple as mudanças necessárias para prevenção do câncer. Mas, claro, respeitando suas preferências e possibilidades. A prevenção envolve controle de alterações epigenéticas, relacionadas ao meio ambiente e a seu estilo de vida.

As metas serão individualizadas. Entretanto, frequentemente costumam englobar:

  1. Obter peso saudável com percentual de gordura e massa muscular adequados;
  2. Aprender a selecionar alimentos livres de carcinógenos (o que evitar, como ler rótulos, etc);
  3. Aprender os métodos de cocção mais recomendados;
  4. Incluir alimentos com funcionalidades específicas na prevenção do câncer.

De acordo com o último relatório do American Institut for Cancer Prevention, 40% dos cânceres poderiam ser prevenidos através de redução de exposição a fatores de risco que podemos controlar: dieta, peso e atividade física. Por isso, convido você: vamos, juntos, buscar efetividade em prevenção do câncer através do cuidado personalizado em nutrição?!

Se você ou seu familiar apresenta diagnóstico e vai iniciar tratamento:

Provavelmente devido à alta incidência da doença – estatísticas estimam que 1 em cada 4 pessoas desenvolverá câncer em algum momento da vida – a maior parte das pessoas procuram por ajuda nutricional já em tratamento.

 A nutrição oncológica personalizada pode ajudar muito neste momento! A dietoterapia auxilia tanto no preparo para o tratamento (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, transplante, hormonioterapia…), quanto otimizando os resultados e/ou minimizando os efeitos colaterais destes tratamentos.

Quais as etapas para o tratamento nutricional

Em primeiro lugar, câncer é um nome para várias doenças, pois há diferentes localizações, tamanho, genética. Por esta razão, vamos precisar entender exatamente de qual doença estamos falando. Portanto, é importante que o paciente traga seus exames (sangue, imagem, anatomopatológico). Se já tiver definido o tratamento, é importante saber relatá-lo. Se for quimioterapia, vou precisar saber qual o medicamento, dose, tempo. Se for radioterapia, qual a região irradiada, o numero de sessões. É bem legal receber um encaminhamento do seu médico com estas informações, juntamente com o norte para meta terapêutica. Afinal, penso que o trabalho em conjunto é o ideal!

Assim como para a prevenção, também será realizada anamnese clínico nutricional, avaliação de composição corporal e determinação das necessidades nutricionais. O tratamento nutricional consiste em: ajustar sua ingestão alimentar atual para as necessidades nutricionais do tratamento associado a outras possíveis doenças (diabetes, hipertensão, etc); controlar o consumo de alimentos que aumentam o risco ou estimulam a doença; manter hidratação adequada; manter controle microbiológico e higiênico sanitário durante o preparo, manipulação e consumo dos alimentos; realizar o manejo dos sintomas da doença e/ou do tratamento (como perda de apetite, alteração de paladar, náuseas, diarreia, constipação, etc).

Todos os indivíduos em tratamento oncológico precisam de suplementação?

Não, a nutrição oncológica não obrigatoriamente envolve suplementação alimentar. Iniciamos com ajustes alimentares, treinamentos e receitas diferenciadas. O tratamento é individualizado e leva em consideração, além das necessidades nutricionais, a estrutura familiar e condições financeiras. Contudo, muitas vezes, usamos módulos proteicos ou suplementos nutricionais industrializados.

Todos precisam ganhar peso?

Não. Mais importante é não perder massa muscular e performance. Embora a desnutrição seja muito prevalente, algumas vezes objetivamos perda de gordura corporal. A meta será estabelecida individualmente, considerando o momento terapêutico, após avaliação nutricional especializada.

Se o “doente” não está comendo quase nada, adianta procurar a nutricionista?

Claro. Podemos usar estratégias para ajudar nesta fase. Lembrando que a qualidade de vida será sempre um pilar da conduta nutricional. Além disso, no cuidado paliativo ou fim de vida, esta será a prioridade.

Todos os pacientes devem usar polivitamínicos?

Não, pelo contrário. Em princípio, o uso de vitamínicos de rotina é contraindicado durante o tratamento. Pode ser utilizado quando há necessidade específica de alguma reposição, baseado em exames laboratoriais.