Anemia é uma condição comum em pacientes com câncer. Mas, para analisar por que ela acontece, antes precisamos entender o que é a anemia e as causas da doença. Ainda vamos falar sobre tratamento da anemia e qual a participação da alimentação nesse processo.
Entendendo a anemia
Antes de mais nada, precisamos entender como aparece a anemia. Células e tecidos de todo o corpo usam oxigênio como combustível. Esse oxigênio é liberado pelos glóbulos vermelhos. A anemia ocorre quando um paciente tem uma contagem baixa de glóbulos vermelhos. Ou seja, como o corpo não está recebendo todo o oxigênio necessário, o paciente fica fraco e cansado.
Além desses, outros sintomas incluem: palidez, falta de ar, dor no peito, dor de cabeça. O diagnóstico é feito associando os sintomas juntamente com exame de sangue.
O paciente com câncer tem mais anemia que outros. Qual a causa?
Normalmente, pacientes oncológicos têm anemia em função da presença de inflamação exacerbada que diminui a produção de glóbulos vermelhos. Além disso, muitas quimioterapias são mielossupressoras, o que significa que diminuem a produção de novas células sanguíneas pela medula óssea.
Em outros casos, a anemia é causada por doença renal. Os rins produzem um hormônio que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos. Se um paciente tiver câncer de rim ou se o rim for afetado pelo tratamento do câncer, ele poderá desenvolver anemia decorrente desta situação.
A anemia também pode ser causada pela perda de células sanguíneas devido ao sangramento, comum nas cirurgias oncológicas.
Como é tratada a anemia?
Independentemente da causa, existem dois tratamentos principais para a doença:
- Os pacientes podem receber uma transfusão de sangue para aumentar sua contagem de glóbulos vermelhos. Isso é feito apenas conforme necessário, por prescrição médica.
- Alternativa ou adicionalmente, os pacientes podem receber medicamentos chamados agentes estimuladores da eritropoiese. Isso estimula a produção de glóbulos vermelhos no organismo. Esses medicamentos são administrados por prescrição médica, seguindo protocolos específicos.
Mas e a comida? Não é através dela que aumentamos o hematócrito?
Este é o ponto principal da nossa conversa. Recebo muitos pacientes em quimioterapia se culpando por não ter comido adequadamente, que por este motivo estão com anemia. Minha primeira resposta é:
Não! Não é culpa sua.
Quando a causa da anemia tem a ver com o tratamento ou a doença mielossupressora, a alimentação “não dá conta” de evitar o problema. Nestes casos, precisamos de tratamentos médicos (como citados anteriormente). Claro que não vamos ignorar a dietoterapia, e sim vamos usá-la a favor do tratamento. Mas sempre com expectativas reais e ajustando os alimentos ao paladar e outros sintomas possivelmente presentes.
Sabemos que paciente oncológico comumente não atingem suas necessidades energéticas e de micronutrientes. Em outras palavras, infelizmente, a desnutrição é ainda muito presente. O tratamento dietético precisa ser instituído precocemente e, quando realizado, ajuda a evitar efeitos colaterais, dentre eles a anemia.
E o que o ferro tem a ver?
O ferro tem relação direta com a anemia. O corpo precisa de ferro para produzir a hemoglobina, uma proteína nos glóbulos vermelhos, essencial para o fornecimento de oxigênio. Durante o tratamento oncológico, são monitorados ativamente os níveis de ferro dos pacientes. Desta forma, orientamos dieta rica em ferro e prescrição de suplementos quando necessário. Mas é comum observarmos pacientes oncológicos com quantidade adequada de ferro e anêmicos. Isso acontece porque, como explicamos anteriormente, há outras causas para anemia.
Quais são os alimentos fonte de ferro?
Você já deve ter ouvido que a beterraba é um bom aliado no combate à anemia, certo? ❌ ERRADO ❌ Ao contrário do que muitos acreditam, ela não é um alimento rico em ferro. Por isso, a sua contribuição é pequena e não serve para o combate à anemia – é, sim, um alimento saudável, cheio de antioxidantes, só não ajuda na anemia, ok⁉
Os principais alimentos fontes de ferro são carnes, frangos, peixes, leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico) e vegetais verde-escuros (couve, espinafre, agrião). Para que o organismo absorva melhor o ferro presente nos alimentos vegetais, o ideal é consumi-los com alimentos fontes de vitamina C, como laranja, limão e acerola. Outra dica é evitar misturá-los com derivados de leite, café ou chocolate, porque o organismo terá dificuldade em absorver o ferro.