O uso de curcumina no tratamento do câncer vem sendo estudado há algum tempo. Esta raiz já é utilizada pela medicina tradicional chinesa há muitos anos. Oriento frequentemente o uso como ingrediente culinário. Já li alguns estudos com resultado positivo, mas espero ansiosa pelo momento de ter embasamento quanto à dose farmacológica e à melhor forma a ser administrada junto à terapia oncológica. Alguns produtos encapsulados oferecem maior quantidade de curcumina e prometem boa biodisponibilidade, contudo a interação medicamentosa (com quimioterápicos) ainda é pouco estudada.
A curcumina é um polifenol natural extraído da Curcuma longa L. e possui vários efeitos farmacológicos bem descritos. Apresenta atividade antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana. Atua em várias vias moleculares relacionadas à patogênese do câncer, incluindo NF-kB, MAPK, PTEN, P53. Também é descrito efeito protetor de câncer através da regulação de expressão de microRNA.
Nesse sentido, autores de revisão recentemente publicada sobre o tema “Curcumina em câncer” observaram, a partir da revisão dos estudos in vitro e in vivo, concordância entre estes estudos sobre redução da inflamação exacerbada do câncer e ação em diferentes vias de sinalização e diferentes fases de ciclo celular. Tal resultado enfatiza a curcumina como tratamento potencialmente aplicado a vários tipos e estágios de câncer e embasam a condução de ensaios clínicos. Alguns destes estudos já foram concluídos e, segundo os autores, também são relatados efeitos positivos: observaram redução de efeitos colaterais do tratamento e ação sinérgica a alguns quimioterápicos. Já foram relatadas associação terapêutica com cisplatina, imatinib, 5-fluoracil e FOLFOX.
Da mesma forma, foram conduzidos alguns estudos clínicos de Fase I e Fase II, e alguns de Fase III estão sendo realizados. Mas segundo os autores, embora os resultados sejam promissores, não há benefício clínico comprovado para abordagem médica complementar e/ou alternativa.
Doses e protocolos de administração da curcumina
Chama atenção nos estudos a divergência de dose e protocolos de administração. Há estudos com consumo de 100mg mostrando bons resultados e outros que iniciam com 3600mg. Doses máximas toleradas variaram de 6000 a 8000mg. Estas divergências e a biodisponibilidade do produto são as maiores dificuldades de prescrição correta. Certamente, sabemos que a dose deve ser individualizada, porém não temos uma referência ainda.
Portanto, seguimos usando cúrcuma (açafrão da terra) na culinária. A raiz apresenta sabor levemente amargo, picante e cheiro marcante – lembrando mostarda. Tradicionalmente é adicionado no arroz, mas podemos incluir em carnes, molhos, patês, granola salgada, massa de tortas. É importante ocorrer exposição frequente (diária) e em quantidade compatível com as individualidades e outras combinações do seu plano alimentar.
Referência: Int. J. Mol. Sci. 2019, 20, 1808; doi:10.3390/ijms20081808
Ju, boa noite!
A curcumina é da mesma família que o açafrão? Possuem valor nutricional semelhante?
Sim, cúrcuma e açafrão da terra. A Curcumina é o principio ativo.
Obrigada pelo retorno!
Abraços.
Boa Noite, Ju…
Amo suas postagens, seus conteúdos são ótimos e sempre atuais. Obrigada por isso.
Tenho uma dúvida qto ao uso da cúrcuma, pois algumas pessoas falam que, para ela “fazer efeito”, precisa ser usada juntamente com a pimenta do reino. É real essa afirmação??? Tenho o costume de usa-la na forma em pó, no suco verde, mas com essa informação, receio não estar tendo o verdadeiro benefício que ela pode me proporcionar.
Será que poderias me tirar essa dúvida??? Ou indicar algum caminho para pesquisar??? Agradeço a atenção…