A Cirurgia Bariátrica e Metabólica é considerada tratamento efetivo de obesidade e de doenças associadas como diabetes e hipertensão (as comorbidades). No entanto, alguns indivíduos apresentam reganho de peso após alguns anos de cirurgia.
Vamos entender um pouco mais como acontece o reganho de peso?
Um estudo recente, publicado em um jornal bastante reconhecido (o JAMA) em 2018, avaliou 2.458 indivíduos operados pela técnica Bypass em Y de Roux, operados em 10 hospitais. Em síntese, o estudo observou que o menor peso dos indivíduos ocorreu após 1 a 2 anos de cirurgia. Este representou, em média, 34,7% do peso pré-cirúrgico.
O reganho de peso foi avaliado após o indivíduo atingir o menor peso. Os pesquisadores constataram reganho de 9,5% do peso perdido no primeiro ano. Após três anos, o aumento de peso foi de 22,5%. Após cinco anos, chegou a 26,8%. Além do reganho de peso, diagnosticou-se progressão de diabetes, hipertensão e hiperlipidemia nestes indivíduos.
Por que acontece o reganho de peso após a cirurgia bariátrica?
Vários estudos investigaram os motivos e quais os grupos de indivíduos com maior risco de recidiva. Tais estudos tiveram como intuito ajudar os profissionais da saúde e os pacientes a evitar que o problema aconteça.
De fato, um estudo americano avaliou a recidiva da doença em um grupo de 1.400 indivíduos operados. Essas pessoas perderam, no primeiro ano de pós-operatório, mais de 50% do excesso de peso. Com a finalidade de avaliação dos resultados, foi considerada como doença recidivada o reganho de 15% do peso obtido ao término do primeiro ano. Os autores observaram que o grupo de pacientes com reganho de peso era mais jovem e apresentava menos comorbidades do que os que não tiveram recidiva.
Simultaneamente, outro estudo avaliou o impacto deste reganho de peso na qualidade de vida dos pacientes através de técnicas validadas. Entre esses indivíduos, observou-se a piora da qualidade de vida, quando comparado aos que não apresentam reganho. Neste estudo, a qualidade de vida dos pacientes com reganho de peso foi similar a dos indivíduos não operados.
Assim, conhecer esta situação torna mais importante a escolha por realizar acompanhamento especializado. É necessário um bom cirurgião, sim. Contudo, é importante também estar amparado(a) por uma equipe multidisciplinar capacitada para auxiliar as mudanças de estilo de vida necessárias ao tratamento. Inegavelmente, fica cada vez mais evidente que apenas realizar o tratamento cirúrgico não é garantia de sucesso. É preciso realizar um tratamento completo, que inclui cuidados nutricionais, psicológicos e prática de exercício físico orientada.
Referências:
- Surgery for Obesity and Related Diseases 2017, Volume 12, Issue 9 , 1640 – 1645;
- BMJ Open Gastro 2017;4:e000153. doi:10.1136/bmjgast-2017-000153