Todos os indivíduos precisam de alimento para viver! Contudo, há momentos em que, mesmo convencidos da necessidade de ingerir mais alimentos, as pessoas não conseguem ou não podem alimentar-se plenamente por meio de alimentação convencional. Isso pode ocorrer em função de uma doença ou do próprio tratamento. A duração pode ser tanto permanente quanto por um período determinado de tempo. No câncer, isso acontece frequentemente, e é para amenizar este problema que utilizamos a terapia nutricional enteral.
“Eu costumo falar a alguns pacientes que o alimento é como o combustível do carro: quando fica sem, pode parar. Claro que há diferenças, mas vejo que todos arregalam o olho. Assim seguimos a abordagem da importância de suprirmos completamente suas necessidades nutricionais. A avaliação nutricional fica mais participativa e a indicação de Terapia Nutricional Enteral, às vezes, tem maior aceitação.”
A terapia nutricional enteral permite suprir a totalidade dos nutrientes necessários aquela fase da vida. Pode ser utilizada como forma exclusiva de alimentação ou também ser indicada como complementação à alimentação via oral tradicional. Pode ser administrada não só em ambiente hospitalar, como também em casa. Pode ser feita tanto via oral quanto via sonda/ostomia posicionada no estômago ou intestino.
Quando a nutrição enteral é indicada?
A indicação para nutrição enteral pode acontecer por diferentes motivos:
- Distúrbio de deglutição severo;
- Anorexia;
- Realização de tratamento cirúrgico;
- Na vigência de radioterapia em região de cabeça e pescoço (quando impossibilita deglutição);
- Por efeitos colaterais da quimioterapia (mucosite e perda de peso grave).
Entre as situações comuns em que a dieta enteral é a opção mais viável estão: pacientes em coma, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, risco de broncoaspiração, pacientes com anorexia persistente causada por neoplasias, doenças infecciosas crônicas, entre outras.
Quais os objetivos da terapia nutricional enteral?
Os objetivos da nutrição enteral podem ser diversos. Entre estes, estão:
- Prevenir e tratar a desnutrição;
- Preparar o paciente para o procedimento cirúrgico e/ou clinico;
- Melhorar a resposta imunológica e/ou cicatrização;
- Prevenir e tratar as complicações infecciosas e não infecciosas;
- Melhorar a qualidade de vida do paciente;
- Amenizar distúrbios no aparelho digestivo;
- Reduzir o tempo de internação hospitalar.
O profissional nutricionista atua junto à equipe médica na definição das necessidades nutricionais, seleção de fórmulas e orientação de pacientes e familiares sobre administração da alimentação e hidratação. A prescrição de produto, quantidade, volume e horários de administração é dependente de cálculo de necessidades nutricionais.
Em suma, as necessidades nutricionais do paciente estarão associadas ao funcionamento do trato gastrointestinal, à capacidade de ingestão via oral, ao grau de desnutrição, à presença de catabolismo, ao percentual de perda de peso e à presença ou não de disfagia. Apenas após avaliação nutricional detalhada será possível determinar a melhor opção para cada paciente.
Mais especificamente o que é terapia nutricional enteral?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define nutrição enteral como:
“Alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas”.
Quais nutrientes são fornecidos pela nutrição enteral industrializada?
Os produtos industrializados atendem a totalidade das necessidades nutricionais de micronutrientes. Entretanto, existem dietas no mercado para diferentes necessidades de macronutrientes e/ou com adição de nutrientes especiais. Estas podem conter diferentes quantidades de proteínas, carboidratos, lipídios, fibras, ômega-3, aminoácidos específicos, etc. Tais necessidades nutricionais podem ser ajustadas para diabéticos, conter maior oferta calórica por ML, apresentar ingredientes mais íntegros ou moléculas menores (facilitando absorção), estar livres de alguns nutrientes (lactose, glúten).
Como administrar a terapia nutricional enteral ao paciente domiciliar?
As dietas deverão ser administradas com o auxílio de frasco, equipo ou seringa, podendo ser utilizada como opção a Bomba de Infusão de dieta enteral. Podemos utilizar produtos prontos para uso ou que necessitam de reconstituição com água. Além disso, é importante oferecer o produto em temperatura ambiente, para evitar diarreia ou cólica. O paciente também deve estar sentado ou deitado (acima de 45º), com a cabeceira da cama elevada e manter essa posição por até 30-60 minutos após a dieta enteral.
Existem regras e horários específicos para alimentar o paciente?
A nutrição enteral pode ser administrada de duas formas: contínua ou intermitente. A forma intermitente é mais parecida com a alimentação habitual, cerca de cinco a oito vezes ao dia, de acordo com orientação médica ou nutricional. Por outro lado, a forma contínua é realizada por gotejamento com bomba de infusão, normalmente em períodos de 12 a 24 horas.
me ajudou demais, vou anotar essas dicas para minha viagem